Exposição “50 anos de realismo – Do fotorrealismo à realidade virtual”, com cerca de 90 obras, chega ao CCBB Brasília em 5 de fevereiro
A mostra reúne 30 artistas contemporâneos, como John DeAndrea, Ben Johnson, Craig Wylie, Javier Banegas, Ralph Goings, Raphaella Spence, Simon Hennessey e os brasileiros Fábio Magalhães, Giovanni Caramello, Hildebrando de Castro, Rafael Carneiro e Regina Silveira
Além da exposição, a programação inclui um debate com a curadora e artistas participantes da mostra no dia 5 de fevereiro
De 5 de fevereiro a 28 de abril, o Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília recebe a exposição “50 anos de realismo – Do fotorrealismo à realidade virtual”. Com curadoria de Tereza de Arruda, a mostra apresenta cerca de 90 obras das últimas cinco décadas, entre pinturas, esculturas, vídeos e instalações interativas, de 30 artistas internacionais e brasileiros, e faz um recorte inédito da realidade na arte. A mostra em itinerância foi visitada no CCBB de São Paulo por mais de 172.000 pessoas.
O ineditismo da proposta é destacado pela curadora. Segundo ela, “o fenômeno da representação da realidade nunca foi tratado a partir do fotorrealismo, sendo este aprimorado através do hiper-realismo, seguido da perspectiva de expansão futura através da realidade virtual”. Tereza de Arruda ainda destaca a relação de identidade entre imagem e realidade, assim como a de verdade e realidade. “Justamente por essa aproximação, surge um certo estranhamento e desconforto no momento em que nos perguntamos o que é a realidade e qual sua importância na representação artística”, acrescenta.
DO FOTORREALISMO À REALIDADE VIRTUAL
A exposição “50 anos de realismo” resgata a pioneira geração de pintores do foto e hiper-realismo, incluindo nomes que participaram, em 1972, da “Documenta” de Kassel, como o inglês John Salt e o norte-americano Ralph Goings.
Pintores dedicados às linhas contemporâneas do hiper-realismo têm um espaço especial dedicado a eles. As paisagens - tanto urbanas, como de natureza - de Ben Johnson, Raphaella Spence e Hildebrando de Castro dividem espaço com os retratos de Craig Wylie e Simon Hennessey e com a natureza-morta de Javier Banegas. Já mesclas destas representações podem ser encontradas na obra de Fábio Magalhães.
A escultura hiper-realista também tem um espaço dedicado a ela, com obras tridimensionais de escultores de diversas gerações, como Giovani Caramello, John De Andrea e Peter Land. Finalizando, projeções espaciais e virtuais trazem o futuro para a exposição, com obras de realidade virtual de Akihiko Taniguchi, Bianca Kennedy, Fiona Valentine Thomann e Regina Silveira.
Além das obras expostas, a mostra contará ainda com um debate sobre realismo na contemporaneidade, em 05 de fevereiro às 19h30. O bate-papo, com entrada gratuita, será mediado pela curadora da exposição, Tereza de Arruda, e contará com a participação de Maggie Bollaert, especialista em arte hiper-realista e consultora do evento, e dos artistas Hildebrando de Castro e Andreas Nicholas-Fischer.
UMA DESCOBERTA EM ETAPAS
A mostra será dividida em etapas, com os espaços demarcados pela temporalidade das obras. A primeira etapa traz a primeira geração de pintores do fotorrealismo e do hiper-realismo. É onde o público pode encontrar obras de artistas que estiveram na exposição “Documenta”, de Kassel, em 1972: um marco na exposição desta tendência para o mundo.
Entre eles, está o inglês John Salt, que retrata em suas pinturas paisagens suburbanas ou parcialmente rurais do país, como carros e trailers abandonados, contrastando com a natureza imaculada e meticulosa da execução da obra. Outro nome é o do norte-americano Ralph Goings, cujas obras a óleo e aquarelas frequentemente representam o estilo de vida da classe operária americana, incluindo pinturas de caminhonetes, restaurantes populares e naturezas-mortas de produtos do cotidiano.
Paisagens são tema de obras de Ben Johnson e Hildebrando de Castro
Na segunda etapa da exposição estão os artistas que se dedicam às linhas contemporâneas do hiper-realismo. Em um primeiro momento, será possível apreciar retratos, em que se destaca o trabalho do zimbabuano Craig Wylie, conhecido pela surpreendente profundidade psicológica de suas pinturas, e o inglês Simon Hennessey, que apresenta em suas obras detalhes do rosto humano.
Nesta etapa ainda será possível conferir trabalhos sobre paisagens da natureza e paisagens urbanas. Entre outras, as obras são assinadas pelo britânico Ben Johnson, que há mais de 40 anos desenvolve pinturas em grandes dimensões baseadas em espaços arquitetônicos e urbanos, desprovidas da presença humana, e por Raphaella Spence, também do Reino Unido, que cria pinturas hiper-realistas de paisagens em grandes dimensões, usando tinta a óleo. Há também a participação do pernambucano Hildebrando de Castro, que desde 2010, se dedica a representações geométricas inspiradas em fachadas de prédios modernistas.
Avançando na exposição, Na categoria natureza-morta é possível conhecer as cores brilhantes e close-ups do espanhol Javier Banegas, que, geralmente, reproduz objetos alterados pela presença do homem, tais como aparas de lápis e potes de tinta.
Nesta etapa será possível encontrar também a obra do baiano Fábio Magalhães, que mescla retrato, natureza-morta e paisagem. Sua representação do corpo humano transmite desconforto, transbordando, sem pudor, os limites entre fotografia e pintura.
Escultura de John DeAndrea e pintura do baiano Fábio Magalhães
Um espaço da exposição será destinado a obras tridimensionais de escultores de diferentes gerações do hiper-realismo. A proximidade do público com as obras traz um desconforto ao confrontar o ser e o aparentar. Esta etapa traz três artistas: o paulista Giovani Caramello, único escultor hiper-realista brasileiro, que aborda temas como tempo e efemeridade e estimula a reflexão sobre a impermanência com suas obras; o norte-americano John DeAndrea, pioneiro na criação e figuras humanas hiper-realistas, e o dinamarquês Peter Land, que usa o humor para explorar padrões humanos de comportamento.
Na última etapa, chega-se às novas tecnologias com obras de realidade virtual, expostas em monitores, projeções espaciais ou com o auxílio de óculos de realidade virtual. Entre os artistas está o japonês Akihiko Taniguchi e seus modelos em 3D que reproduzem espaços do cotidiano e onde ele se expõe como protagonista.
Ainda nesta etapa estão obras da alemã Bianca Kennedy e sua obra, literalmente, imersiva, e da francesa Fiona Valentine Thomann, na série TRACKER, onde modelos de 3D em realidade aumentada permitem diferentes dimensões e visões. A brasileira Regina Silveira completa a etapa com um vídeo de animação digital. Desde os anos 1970, Silveira utiliza mídias distintas em uma mesma obra, sendo pioneira na mescla de vídeo, fotografia, colagem, xerox e postais.
SOBRE A CURADORA
Nascida em São Paulo, em 1965, Tereza de Arruda é uma historiadora de arte e curadora independente que trabalha junto a instituições, museus e bienais. Estudou história da arte na Freie Universität Berlin, onde mora desde 1989. Entre as exposições com sua curadoria estão: 2018 Ilya und Emilia Kabakov, Two Times, Kunsthalle Rostock; José De Quadros, A Beleza do Inusitado, Sesc Santo André; 2017 Sigmar Polke, Die Editionen, me collectors room Berlin; Chiharu Shiota, Under the Skin, Kunsthalle Rostock; 2016 In your heart | In your city, Køs Denmark; Clemens Krauss, Little Emperors, MOCA – Museu de Arte Contemporânea de Chengdu; Kuba Libre, Kunsthalle Rostock; 2015 Bill Viola, Three Women, Bienal Internacional de Curitiba; InterAktionen Brasilien in Sacrow, Schloss Sacrow / Potsdam; 2014 ChinaArte Brasil, Oca Museu da Cidade, São Paulo; Wang Qingsong: Follow me!, Køs Museum for Kunst, Copenhague; 2013 Bienal de Curitiba; 2012/2011 Índia lado a lado, CCBB Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília; 2010 Se não neste período de tempo – Arte Contemporânea Alemã 1989-2010, Masp – Museu de Arte de São Paulo. Cocuradora e assessora da Bienal de Havana desde 1997. Cocuradora da Bienal Internacional de Curitiba desde 2009.
“50 ANOS DE REALISMO – DO FOTORREALISMO À REALIDADE VIRTUAL”
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES, Trecho 02, lote 22
Período da exposição: 4 de fevereiro a 28 de abril de 2019 – Entrada gratuita
Horário: terça a domingo, das 9h às 21h
Telefone: (61) 3108-7600
Acesso e facilidades para pessoas com deficiência
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